Na noite de ontem estive no Teatro Tivoli, em Lisoba, para uma bela noite de fados. Por incrível que pareça, essa foi a primeira vez que assisti a um fadista aqui mesmo em Lisboa. A escolha não poderia ter sido melhor: a estreia do novo álbum de Marco Rodrigues.

 Este artigo foi escrito no dia 24 de abril de 2013. 

Show do Marco Rodrigues no Teatro Tivoli

Para quem não o conhece, esse é um jovem cantor português que tem dois ótimos discos lançados (Tantas Lisboas e EntreTanto).

No ano passado, ele esteve no Brasil para a divulgação do disco de Maria Gadú, no qual ele contribuiu em uma faixa, “A Valsa” – e nós tivemos a oportunidade de entrevistá-lo para o Cultuga (assista ao vídeo).

Atualmente, ele se apresenta com certa frequência na casa de fados Adega Machado (Rua do Norte, n.º 91/ Bairro Alto), onde também atua na direção artística. É nesse mesmo local que canta Pedro Moutinho, um dos irmãos do Príncipe do Fado, o Camané.

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Os bilhetes estavam por um bom preço. Paguei 12,50 euros para vê-lo na terceira fileira da plateia.

O Tivoli também é sempre uma grande escolha. O teatro é bastante antigo, data de 1924, tem todo seu charme e glamour que recolhe desde essa época e fica localizado em uma das principais ruas da cidade – a Avenida Liberdade.

O concerto teve início às 21h30, com transmissão ao vivo para a rádio portuguesa Antena 1.

Com as luzes apagadas e em pleno silêncio, subiram ao palco três músicos munidos de violão, guitarra portuguesa e contrabaixo.

Juntos, começaram a tocar, sem o apoio de microfones, uma das minhas favoritas: “Rapsódia do Fado que Ninguém Quer”. Lá do fundo do teatro, entre as poltronas, veio o Marco, também sem microfone, com sua bela voz.

Por quase 1h30 prestigiamos fados lindos, quase uma aula do assunto.

No repertório, veio por exemplo “O Homem do Saldanha”. Essa música conta a história de João Manuel Serra, um homem – falecido em 2010 aos 79 anos – que passava a noite no Saldanha (um bairro lisboeta) acenando para todas as pessoas que ali passavam. Era conhecido por sua simpatia e chamado de “Senhor do Adeus”. Apareceu em filmes, reportagens, músicas… Enfim, ele é certamente um dos símbolos de Lisboa. O mais curioso é que essa música foi escrita por um grande rapper luso da atualidade, o Boss AC, e cantada por Marco Rodrigues e Carlos do Carmo. Uma mistura de estilos e histórias que deu certo.

Ainda vieram canções que marcavam as várias facetas da cidade (“Tantas Lisboas”), outras que falavam dos bairros lisboetas (“Do Chiado ao Bairro Alto”), uma que lembrava os tons usados no fado (“Que Tom É Que o Fado Quer?”) e letras escritas por jovens músicos do meio pop que facilmente aderiram as tradições tão cultuadas por aqui (“A Rosa e o Narciso”, composta por Luísa Sobral, por exemplo).

Enfim, o show acabou às 23hrs com o novo single dele, “Coração Olha o Que Queres”, com direito a um grande coro vindo da plateia.

Enquanto nos preparávamos para sair, o Marco, ligeiro, já estava no hall principal do Tivoli cantarolando mais uma canção sem microfone.

E ali, no mesmo cantinho, distribuiu uma porção de autógrafos e sorrisos para as fotos.

Foi mesmo uma grande noite. :)

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