O novo clipe da fadista Raquel Tavares me fez recordar uma das principais razões de eu ter criado o Cultuga, em 2010: o prazer em dividir as minhas descobertas culturais – sobretudo musicais – portuguesas.

Conheci a Raquel quando eu ainda vivia no Brasil. Na ocasião, ela tinha atravessado o oceano para apresentar a peça de teatro “Sombras – A nossa Tristeza é uma imensa Alegria“, no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Não me contentei em prestigiar somente uma vez. Fui com o Rafa e assistimos do piso superior. Então, retornei com a minha mãe para ver na primeira fila. Ela tem uma leveza nas palavras, uma intensidade na voz, uma postura forte…

A Raquel Tavares faz parte da geração mais jovem do Fado. Aos 31 anos, ela lança agora o seu terceiro disco (foram 8 anos sem gravar), intitulado Raquel. Apesar de trazer o Fado Tradicional como sua principal bagagem, ela fez algo que é muito comum aos músicos dessa geração (e que eu, particularmente, adoro): reuniu nesse álbum composições de artistas portugueses dos mais diversos gêneros. Rui Veloso, António Zambujo e Tiago Bettencourt são algumas das preciosidades dessa lista.

A música que indico aqui, “Meu Amor de Longe”, foi escrita e composta por Jorge Cruz. No clipe, a Raquel passa por ruas antigas e nos transporta rapidamente para esse cenário mágico de Lisboa. Bom para matar as saudades, né?

“No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria

Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio

Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo

Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite

Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver”

– Letra da música retirada do blog A Música Portuguesa

VEJA TAMBÉM

Viaje a Portugal com tudo organizado

Deixe um comentário