O nosso último destino da série de reportagens “Algarve Sem Carro” é Lagos. Finalizamos a viagem em uma cidade que tem como sua maior riqueza uma impressionante paisagem natural. O melhor disso tudo é que seu acesso é superfácil e o transporte público chega a locais muito bonitos rapidamente.

Algarve Sem Carro: o que fazer em Lagos?

Prepare a roupa de banho, o protetor solar e a câmera fotográfica. Não, visitar Lagos não é passar a tarde toda com acampamento montado na areia da praia (a não ser que você queira, claro!). Mas há tanto de paisagem natural para contemplar e a água da praia é tão cristalina que, a cada passo que você der, o mar sempre vai te convidar para um mergulho…

Como chegar

Ônibus

Optamos pelo ônibus para chegar a Lagos por conta da proximidade que estávamos do Terminal Rodoviário em Albufeira. Como permanecemos hospedados em Albufeira, fizemos um bate-volta em Lagos. O bilhete de ida e volta nos custou 11€. O primeiro ônibus parte do terminal de Albufeira às 8h35 e o último volta de Lagos às 18h. A viagem dura em torno de 1h30. Tanto em Albufeira, como em Lagos, os terminais rodoviários estão localizados perto do centro.

Assim como já comentei nos outros posts da série, se você quiser visitar diversas cidades do Algarve de ônibus, há um passe turístico da Eva Transportes (atualmente Vamus Algarve). Você pode comprar e fazer quantas viagens entre cidades da região quiser.

Trem

Existe a possibilidade de chegar a Lagos de trem. A estação de desembarque fica junto da marina de Lagos e o centro é facilmente acessado a pé. Não fizemos esse trajeto porque a estação de Albufeira, de onde partimos, era muito longe do centro.

Roteiro: o que ver em Lagos?

Comece o passeio pela Marina de Lagos. Ao longo da calçada que margeia o local há uma feirinha com diversos produtos regionais e praianos.

Como foi do Algarve que partiram as primeiras caravelas na época dos Descobrimentos, esse trecho da história lusitana é bastante presente na região, sobretudo em Lagos – que já foi capital do Algarve antes de Faro. Por isso, um de seus atrativos é uma réplica da Caravela Boa Esperança, que geralmente fica ancorada lá. Infelizmente não tivemos a oportunidade de vê-la porque, no momento, ela está em uma expedição de três meses para a divulgação turística do Algarve na Espanha.

Seguindo pela Av. dos Descobrimentos, no sentido das principais praias de Lagos, do lado direito estará o Mercado Municipal (segunda a sábado, das 7h às 14h), construído em 1924. São três andares com frutas, legumes, peixes e carnes, além de um café e um restaurante. Ainda há uma inscrição em homenagem a escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen e um terraço em que se tem uma vista para a baía de Lagos.

Um pouco mais a frente, do lado direito, você encontrará um acesso pedestre. Ali estão as ruas do centro histórico de Lagos. Aproveite para passar no posto de informações turísticas na Praça Gil Eanes e pegar o mapa. A papulação da cidade é de 31.049 habitantes (Censos 2011).

Pelo mesmo sentido da Av. dos Descobrimentos, mais a frente, você vai encontrar um dos princiapais pontos de visita da cidade: o Mercado de Escravos. Tal local foi mantido para revelar a história do tráfico de seres humanos. A partir de 1444, Lagos passou a receber com regularidade escravos da costa ocidental da África, que eram direcionados para trabalhos pesados e tarefas domésticas e distribuídos para todo o país. No interior do edifício, está o núcleo museológico que exibe exposições temporárias sobre o assunto. Infelizmente, não pudemos visitá-lo porque ele estava em obras no dia da nossa viagem.

Toda aquela região junto ao Mercado de Escravos se relaciona com os Descobrimentos. Há estátuas de Infante D. Henrique e Gil Eanes – ambas de 1960, vestígios do antigo cais de onde partiram as caravelas e o Castelo dos Governadores.

Retorne a Praça do Infante D. Henrique e procure pelo ponto em que param os ônibus da cidade (o serviço se chama A Onda). Pegue o ônibus correspondente a Linha 2 – Azul (sentido Praia Porto de Mós) e desça na Praia Dona Ana. O bilhete pode ser comprado com o próprio motorista e custa 1,20€. Caso você deseje usar o transporte público diversas vezes, vale a pena comprar o bilhete diário, que custa 3,60€.

Essa etapa é o ponto alto do passeio. A Praia Dona Ana tem um mirante lindo, junto ao ponto de desembarque do ônibus. Desça as escadas e aproveite a linda paisagem também na parte de baixo. A água não é tão fria e dá para passar bons momentos por ali.

Aqui também é um dos locais de onde partem barquinhos que fazem o caminho da Ponta da Piedade. Uma atração que um amigo já tinha nos indicado e, realmente, valeu a pena. Pagamos 12,50€ por pessoa e percurso demora cerca de 40 minutos.

Durante o passeio, o barco passa por outras praias da região e entre as rochas e grutas que formam uma das paisagens naturais mais bonitas que já vi. Durante o caminho, o guia cria uma espécie de história e nos mostra rochas com formatos familiares, como um camelo, uma balança ou o beijo de um casal. No finalzinho do trajeto ainda conseguimos ver, no horizonte, a pontinha de Sagres.

Não é a toa que essa região também foi classificada como aquela que tem a mais bela praia do mundo, de acordo com o Huffingdon Post.

Retornando a Praia Dona Ana, subimos a escadaria, depois a rua em que o ônibus nos deixou e seguimos para o lado esquerdo, na Estrada da Ponta da Piedade.

Quando começar a perceber algumas aberturas no meio do mato, do lado esquerdo da estrada, entre e siga no sentido das rochas. Ali é possível ter uma vista inspiradora lá de baixo, com os barquinhos e o mar.

Pelos caminhos do mato (ele já está trilhado no chão, não tem erro) ou pela própria estrada, siga até o próximo mirante construído em uma plataforma de madeira. Descendo as escadas, está a Praia do Camilo, mas uma beleza da Ponta da Piedade.

Se desejar, volte a Estrada da Ponta da Piedade e siga mais adiante até o farol e sua praia para continuar contemplando essa linda vista. Na volta, pegue o trem turístico que passa por ali (o bilhete custa algo em torno de 2,50€) ou então retorne a pé até a Praia Dona Ana e suba no ônibus Linha 2 – Azul, o mesmo usado para a ida.

Chegando novamente a Av. dos Descobrimentos, ainda há acessos fáceis para a Meia Praia e a Praia da Batata – se quiser comer algum petisco ou dar mais um mergulho!

Quer mais dicas sobre o que fazer em Lagos? Veja também o relato do Fábio Pastorello para o blog Viagens Cinematográficas :)

Onde comer em Lagos?

Optamos por uma cozinha internacional dessa vez – algo que é bastante comum em Lagos. Fazia muito tempo que não visitávamos um restaurante italiano. Então, essa foi a nossa escolha.

Pizzeria Italia – Rua Garrett 26/ 28
Bom atendimento, sentamos na varanda – que foi bem agradável, e o preço das refeições eram ótimos. O único ponto negativo foi o preço cobrado pelo refrigerante, 2,50 € (quando geralmente encontramos de 1,40€ a 1,60€). A média da nossa conta deu 8,50€ por pessoa.

Quando ir ao Algarve?

A melhor época para visitar Lagos, assim como todo o Algarve, é durante o verão – mesmo com os preços mais altos e as praias mais cheias. Porém, já na primavera é possível fazer programas bem agradáveis na cidade. Ou seja, programe-se para ir de abril a setembro.

Onde ficar em Lagos

Nós montamos a base dessa segunda parte da viagem em Albufeira, no Vila Galé Cerro Alagoa – parceiro de acolhimento do Cultuga nessa série de reportagens. Entretanto, se você pensa em ficar mais alguns dias na cidade, verifique as opções para Lagos – mas faça sua reserva com bastante antecedência. Essa é uma das cidades mais procuradas do Algarve e, geralmente, os hotéis lotam rapidamente.

Sobre a série “Algarve Sem Carro“

Essa é a primeira série de reportagens exclusivas do Cultuga com o material que foi colhido entre os dias 23 e 27 de junho, nas cidades de Faro, Tavira, Albufeira e Lagos. O nosso principal objetivo é mostrar que há formas de aproveitar e viajar pelo sul de Portugal mesmo para quem não deseja ou não pode alugar um carro.

A série de reportagens “Algarve Sem Carro“,  inteiramente produzida e pautada pela equipe do Cultuga, contou com o apoio da TAP, que nos levou a Faro, e do grupo Vila Galé Hotéis, que nos hospedou em Tavira e Albufeira. As empresas foram contactadas pelo Cultuga para essa parceria por serem referência no mercado português e por proporcionarem um serviço de qualidade.