A nossa passagem pelo centro de Portugal não poderia ter começado melhor.
Em busca de um hotel em Alcobaça que unisse o conforto e a localização para montarmos o nosso primeiro QG dessa viagem, encontramos o Solar da Cerca do Mosteiro.
* O Hotel Solar da Cerca do Mosteiro fechou.
Essa hospedagem é, literalmente, vizinha do Mosteiro de Alcobaça e um verdadeiro refúgio de paz no coração da cidade.
Quem nos acompanha pelo Instagram ou Snapchat deve se lembrar dele.
Por toda a volta do quarto, inclusive no banheiro, tínhamos vistas lindíssimas, ora do Mosteiro de Alcobaça (que é Patrimônio da Humanidade), ora do imenso e bem cuidado jardim em que esse hotel está inserido.
Por ser uma época um pouco mais chuvosa, optamos por fazer essa viagem de carro – principalmente para garantir a nossa locomoção entre as cidades e aldeias com bastante flexibilidade de horários, além da possibilidade de conhecer caminhos diferentes pela Serra de Aire e Candeeiros.
Porém, para quem está viajando de trem ou ônibus e está em busca de onde ficar em Alcobaça, esse hotel também é uma excelente escolha, pois fizemos tudo a pé, deixando o carro no estacionamento o tempo todo.
Hotel em Alcobaça: como é o Solar da Cerca do Mosteiro?
As primeiras impressões
Esse é um hotel cheio de história e, logo na chegada, já se percebe pela atmosfera do local.
Confesso que fui surpreendida pelo cuidado tão minucioso dos jardins dessa quinta (pausa para um parênteses – em Portugal, você ouvirá falar com frequência de “quintas”, que são propriedades rurais equivalentes as chácaras, sítios e fazendas no Brasil. Saiba mais sobre as diferenças de palavras).
Sua proximidade com o Mosteiro não é mera coincidência.
Na origem do Solar está a Quinta da Cerca do Colégio, um espaço que teve diversas funções ligadas ao Mosteiro, entre elas a produção e o cultivo de alimentos para os monges.
Dessa fase, quem se hospeda no Solar pode desfrutar do Quintal dos Noviços – o espaço de meditação dos monges que hoje também resguarda enorme energia envolvida pelo som da água de um pequeno trecho do rio Alcoa que por ali passa.
No século XIX, com a extinção das ordens religiosas, a área hoje ocupada pelo hotel se transformou em propriedade privada.
Entretanto, o desgaste e o abandono de alguns espaços foram inevitáveis.
Por isso, a recuperação feita por seus últimos proprietários, anteriores a inauguração do hotel, foi tão importante.
A sócia-gerente do hotel, a Sra. Madalena Tavares, nos contou que esse largo espaço foi usado por um casal alemão como casa de férias para reunir a família e os amigos ao longo das últimas décadas.
Por isso, logo percebemos o aconchego e a sensação de estamos em casa, pois tal ambiente descontraído foi mantido em todas as dependências.
O Palacete, datado de 1856, é a principal casa da quinta e reúne 6 suites (todas com vista para o Mosteiro), além da sala de refeições, da biblioteca e da sala de estar.
Em seu interior, percebemos a preocupação de seus antigos proprietários em manter e ressaltar sua história.
A imponente escadaria exibe sua traça pombalina (pausa para mais um parênteses – em 1755, houve um grande terremoto em Portugal que prejudicou, principalmente, Lisboa, destruindo tudo aquilo que conhecemos hoje como sendo a Baixa. Na época, o Marquês de Pombal, com um cargo equivalente ao de Primeiro-Ministro, foi o responsável por reunir engenheiros e criar um planejamento de reconstrução da cidade, com novas ruas e uma estrutura de madeira anti-terremoto para os edifícios. Portanto, quando falamos da traça pombalina da escadaria, ela se refere a estrutura de madeira em “x” criada na época do Marquês de Pombal e que, aqui, foi construída no século XIX).
O mesmo acontece com os degraus da escadaria, que também têm uma história própria.
Houve ali uma inundação que corroeu o piso e os seus primeiros degraus.
Na reparação do Palacete, colocaram então um novo piso na entrada e fizeram questão de usar uma pedra que já havia na propriedade, do século XVIII, para reconstruir a escada.
Lembro da frase que a Sra. Madalena nos disse, assim que contamos sobre o nosso interesse pelo Solar: “Aqui, cada pedra conta uma história”.
Como chegar
Não tem segredo.
A localização do Solar da Cerca do Mosteiro é muito fácil, pois seu acesso é pela ladeira que fica logo ao lado do Mosteiro de Alcobaça, no coração da cidade.
A partir de Lisboa, são cerca de 120km, sempre pelas autoestradas. Se você subir pela A8, poderá fazer uma parada estratégica na Vila de Óbidos.
Se a sua opção é o transporte público, a partir de Lisboa siga de ônibus pela Rede Expressos. São cerca de 2 horas de viagem com saída da Rodoviária Sete Rios (junto a estação de metro Jardim Zoológico, linha azul).
Apesar da rodoviária de Alcobaça estar próxima do centro, use um táxi para fazer o percurso até o hotel, sobretudo por conta das malas.
Acomodações
Nos hospedamos na suite Torre Sineira, dentro do Palacete.
O quarto e o banheiro são bastante espaçosos, de decoração clássica e ainda conta com um hall de entrada, trazendo conforto e muita privacidade.
O ponto alto é, sem dúvida, a vista incrível que percorre todas as janelas, no hall, no quarto e no banheiro, com cenários junto ao Mosteiro ou para o jardim do Solar.
O clima rural que se vive ali dentro, estando a um passo do centro da cidade, também é uma mais valia.
Tanto o quarto como o banheiro estão equipados com aquecedores. Portanto, a qualquer época do ano, essa estadia se torna tranquila.
Além das suites do Palacete, o Solar dispõe de apartamentos com cozinha e outros tipos de quartos na Casa dos Convidados, que podem acomodar desde casais em lua de mel, até famílias com crianças e também grupos de amigos.
O hotel também promove uma boa interação com todos os seus espaços, seja para desfrutar durante o dia das dependências exteriores (como uma caminhada, um banho de piscina ou um passeio de bicicleta) ou mais a noite com um café cortesia no hall do Palacete, um momento de integração na sala de TV ou mesmo uma leitura mais reservada na biblioteca.
Café da manhã
Antes de deixar Alcobaça rumo a aldeia de Alvados, na Serra de Aire e Candeeiros, tivemos a despedida do Solar da Cerca do Mosteiro com um café da manhã muito saboroso.
Suco de laranja, frutas fatiadas, café, chá, leite, frios, ovos mexidos, variedades de pães, bolos e, claro, pastéis de nata (que sempre fazem a nossa alegria quando estão presentes rs.).
Serviços e facilidades
A Sra. Madalena Tavares, sócia-gerente desse hotel em Alcobaça, é lisboeta, mas vive por aqui há 16 anos.
Tamanho conhecimento que tem pelo local se torna um valioso contato para quem deseja se hospedar no Solar.
Se for do seu agrado, ela poderá organizar passeios pela região, seja para conhecer produtores locais (como vinícolas, lagares de azeite ou pomares da famosa maçã de Alcobaça), seja para percorrer Alcobaça e seus arredores – basta avisá-la com alguma antecedência da sua chegada.
A propriedade é bastante grande e tem caminhos agradáveis que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta (disponíveis no local).
Um outro investimento previsto é levar cavalos para a propriedade – onde já viveram 17 – que certamente deixará o Solar ainda mais atraente, principalmente para os apaixonados por animais (como eu!).
Há ainda um estacionamento grande e privativo, sem custo para os hóspedes, como já destaquei no texto. O wifi também é gratuito e funciona bem por todo o hotel, dos quartos as áreas comuns.
Viaje a Portugal com tudo organizado